O
debate entre ateus e cristãos tem chamado atenção no mundo inteiro, em uma
época onde a expressão de opiniões é cada vez mais livre e o ateísmo tem
crescido de maneira alarmante. Isso tem feito com que cada vez mais crentes se
dediquem à Apologética (estudo da defesa da fé) para terem argumentos contra as
acusações dos não crentes a respeito de nossa fé. Esse movimento seria muito
bom não fosse o desleixo com que se tem buscado essa defesa da fé. Parece que o
que vale é calar a boca dos ateus com qualquer tipo de argumento.
De
nada adianta combater a descrença e as heresias usando qualquer argumento
desqualificado, simplesmente com o objetivo de calar nossos opositores. Nós
como crentes e servos de Deus devemos sim combater aqueles que subjugam a
nossa fé ou que desonram nosso Senhor, mas devemos fazer isso única e
exclusivamente com a verdade. Devemos ter firmes em nossa mente que essa
verdade vem de Deus e de sua Palavra e não de filosofias humanas ou
interpretações próprias.
Onde
quero chegar com isso tudo? Em um argumento que tem sido indiscriminadamente
utilizado por alguns apologetas como sendo o supra sumo dos argumentos, aquele
capaz de encerrar qualquer discussão com ateus, o argumento irrefutável, que te
faz vencedor de qualquer debate: a
aposta de Pascal.
Antes
de discutir o argumento em si é importante explicar do que se trata essa tal
aposta de Pascal. Trata-se de um pensamento do século XVII do filósofo Blaise
Pascal que dizia que se Deus existe e você crê nisso então você ganhará a vida
eterna, porém se você não crer você terá um castigo eterno; por outro lado, se
Deus não existe e você creu nele então você não perderá muita coisa, mas se
você não creu também não terá perdido nada. Talvez fique mais fácil entender
com o esquema abaixo:
Ora,
parece um excelente argumento. Pela lógica de Pascal, vale muito mais a pena
crer em Deus, pois as chances de ganho são maiores. Em outras palavras, vale
mais a pena arriscar que Deus exista do que supor que Ele não existe. Mas
porque então eu sou contra esse argumento tão “infalível”?
Na
verdade são alguns os motivos para eu ser contra o uso do argumento da aposta
de Pascal. Talvez o primeiro deles seja porque quase sempre o uso desse
argumento começa com a aterrorizante frase “Mas e se você estiver errado e Deus
existir?”. O objetivo dessa frase nunca é fazer o sujeito pensar, mas sim
causar-lhe medo e a “Teologia do Medo” definitivamente não é algo que deva ser
usado para convencer ninguém. As igrejas cristãs que se utilizam dessa teologia
do medo quase sempre são igrejas heréticas com características de seita que
aprisionam seus fiéis por ameaças e medos para que eles não abandonem aquela
denominação. Isso é uma tática antiga e suja, que não deve estar presente na
argumentação de um cristão sério.
Outro
problema com a aposta de Pascal é que ela pode ser aplicada a qualquer Deus. Um
mulçumano pode fazer uso do mesmo argumento para debater com um ateu. Assim
também podem fazer os budistas, os hindus, os bahaístas... A aposta de Pascal
defende a existência de deus ou deuses, mas não a existência do Deus de Abraão,
de Isaac, de Jacó, o Deus da Bíblia, o Deus Altíssimo que vive para sempre. Um
argumento que não traz glória para o verdadeiro Deus não é um bom argumento
para um cristão.
Mas
certamente o maior problema com a Aposta de Pascal é considerar Deus como um
ser incapaz de julgar nossos atos, nosso coração e nossa atitude. Quando você
apresenta a aposta de Pascal para um descrente você está dizendo para ele que o
deus que você defende não se importa com sua verdadeira intenção em adorá-lo,
mas apenas com a adoração em si. Não é isso que as Escrituras nos ensinam.
Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração,
e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças;
este é o primeiro mandamento.
Marcos 12:30
Marcos 12:30
Aquele
que serve e adora, ou melhor, que diz que adora, a Deus apenas para ganhar a
sua salvação certamente não a ganhará. Deus julgará nossos corações e nossa
real intenção em servi-lo e apenas aqueles que fizerem isso por amor ao Senhor
poderão ter certeza do seu galardão final. Talvez seja sobre esses “apostadores
de Pascal” que Cristo nos alerta quando diz:
Nem todo o que me diz:
Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu
Pai, que está nos céus.
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?
E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.
Mateus 7:21-23
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?
E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.
Mateus 7:21-23
Não
seja um “apostador de Pascal”. Não queira servir a Deus apenas por medo de não
ir para o céu quando morrer. Pode estar certo de que se sua motivação for essa
você já não está caminhando para o céu há muito tempo. Tenha a firme convicção
de que Deus é o Senhor das nossas vidas, o criador de todas as coisas, o
Todo-Poderoso, aquele que cuida de nós e não permite que pereçamos e por isso
Ele merece toda a honra e toda a glória para sempre e por isso também toda a
nossa adoração e servidão devem ser a Ele, não por medo, mas por amor ao Senhor
e a tudo que Ele tem feito por nós, porque maravilhosas são Tuas obras em nossa
vida. Amém.
Por cuja causa padeço também
isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo
de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia.
Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus.
Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós.
2 Timóteo 1:12-14
Conserva o modelo das sãs palavras que de mim tens ouvido, na fé e no amor que há em Cristo Jesus.
Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós.
2 Timóteo 1:12-14
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