quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Inerrância Bíblica: o princípio da verdadeira fé.


Admitir que a Bíblia seja inerrante é fundamental para termos uma doutrina verdadeiramente cristã. Isso é o que diferencia a doutrina reformada de outras que se dizem cristãs. Se você não considera a Bíblia inteira como inerrante então você não pode usá-la para fundamentar suas crenças, porque você estará negando a própria Bíblia – que se autodeclara como inerrante – e não será possível ter uma doutrina consistente, uma vez que você pode simplesmente escolher as partes da Bíblia que se considera importante, tomando aquilo que lhe convém e rejeitando o que não se considera importante. Se uma parte da Bíblia for falível então o resto não terá credibilidade alguma; todos os seus livros são interligados e formam uma doutrina única, portanto se algo não é crível então nada mais será. Ou ela é livre de falhas em todos os sentidos e partes ou não há nada que se aproveite em suas palavras.
Há um texto do Rev. Ronaldo Hanko¹ que diz: “Porque a Escritura é a Palavra de Deus, ela é perfeita também. Encontrar erro na Escritura é encontrar erro em Deus. Receber a Escritura como algo menos que infalível, é negar a imutabilidade e soberania de Deus”.
Mas por que podemos crer na perfeição das Escrituras? Que evidências nós temos para isso?
Bom, para começar o próprio Senhor Jesus usava as Escrituras de maneira abundante em seu ministério. Se você é um leitor mesmo que eventual da Bíblia já deve ter visto algumas vezes nos Evangelhos Jesus dizendo “Está escrito”, fazendo citações do Antigo Testamento. Também em outros textos Ele faz menção aos profetas e em outros ainda usa trechos de Salmos e outros livros. Certamente Jesus não faria uso dessas fontes se elas não fossem confiáveis. Só para citar alguns textos onde Jesus faz o uso das Escrituras temos João 10.35, Mateus 11.13, Mateus 15.7, Mateus 24.15, Marcos 11.17 entre outros. Um exemplo bem conhecido é esse:

Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.Então o diabo o transportou à cidade santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo,E disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo; porque está escrito: Que aos seus anjos dará ordens a teu respeito, E tomar-te-ão nas mãos, Para que nunca tropeces com o teu pé em alguma pedra.Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles.E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares.Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
Mateus 4:4-10

Além de usar de maneira abundante as Escrituras, Jesus também nos ensina a agir da mesma maneira. Para Ele, é um erro não conhecer as Escrituras.

Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus.
Mateus 22:29

            A Bíblia é legitima Palavra de Deus, se você a rejeita no todo ou em parte é a mesma coisa que se negar a ouvir algo que Deus tem a lhe dizer. Por acaso pode um servo se recusar a ouvir o que tem a lhe dizer o seu senhor? Porque então nos comportaríamos assim com o nosso Senhor?

As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes.
Salmos 12:6

Toda a Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele.
Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso.
Provérbios 30:5-6

            Sendo a Bíblia a Palavra de Deus, isso significa que se você diz que alguma parte dela é mentirosa é o mesmo que dizer que Deus é mentiroso. Se você não crê que alguma parte em especial da Bíblia vá se cumprir então para você Deus é falho e infiel, pois não cumpre com a sua palavra.

Deus não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa; porventura diria ele, e não o faria? Ou falaria, e não o confirmaria?
Números 23:19

E disse-me o Senhor: Viste bem; porque eu velo sobre a minha palavra para cumpri-la.
Jeremias 1:12

Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam, mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come,
Assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei.
Isaías 55:10-11

Não é o objetivo aqui provar que a Bíblia de fato é a palavra de Deus e que seja inspirada pelo Espírito Santo, mas vamos partir da condição de que você já creia nisso, então isso é mais um argumento para que você creia na inerrância das Escrituras como um todo. As evidências arqueológicas e o cumprimento impressionante de suas profecias ao longo da história também fazem dela um livro confiável e de credibilidade.

Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.
Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.
2 Pedro 1:20-21

            Na história da igreja primitiva, aqueles que se baseavam nas Escrituras e usavam-na como regra de fé e prática eram bem vistos pelos apóstolos, pois eram pessoas sensatas e faziam o que era certo. Essa prática também os ajudava a manter-se firmes no verdadeiro caminho, não sendo enganados por falsos profetas.

Ora, estes foram mais nobres do que os que estavam em Tessalônica, porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim.
Atos 17:11-12

Além disso, Paulo exorta a Timóteo para que permaneça naquilo que está na Palavra de Deus e use-a abundantemente em seu ministério, pois ela é ferramenta muito útil para a edificação dos homens.

Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido,
E que desde a tua meninice sabes as sagradas Escrituras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.
Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça;
Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.
2 Timóteo 3:14-17

Portanto podemos perceber que a Bíblia invoca para si sua própria inerrância. Isso faz parte do atributo da perfeição de Deus e negar isso é negar a personalidade de Deus. Como já foi dito no início desse texto, não podemos aceitar a Palavra de Deus em partes, todos que já fizeram isso ou fundaram doutrinas antibíblicas ou foram arrastadas por ventos de doutrina. Nenhuma igreja que se diz cristã pode negar a autoridade incontestável da Bíblia acima de qualquer outra coisa, esse é o princípio da verdadeira fé.
A Bíblia não dá margens para interpretações ambíguas ou contraditórias, se alguma passagem é de grande dificuldade então estude melhor, busque ajuda do Espírito Santo e também de pessoas que sejam instruídas na Palavra para que você possa entender corretamente seu significado.

Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.
Salmos 119:105

¹ Rev. Ronaldo Hanko. A Infalibilidade da Escritura. Tradução de Felipe Sabino de Araújo Neto. Disponível no site www.monergismo.com

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Como posso ter certeza do perdão de Deus?


Muitas pessoas, mesmo depois de terem sido resgatadas pelo sangue de Cristo insistem em seus pecados. A diferença é que normalmente essas pessoas reconhecem que cometeram o pecado, se sentem mal e buscam o perdão de Deus. Acontece que quando isso se torna muito recorrente, como um ciclo (pecar, se sentir mal, buscar o perdão de Deus, pecar de novo...) a pessoa corre o risco de banalizar o perdão de Deus e começa a pensar: será que Deus ainda vai me perdoar?
Ou então mesmo que não esteja passando pela situação descrita acima a pessoa não consegue confiar no perdão de Deus ou não se acha digna de perdão e se pergunta: e se Deus simplesmente não quiser me perdoar? Um versículo que costuma confundir essas pessoas e parece confirmar suas suspeitas é o seguinte:

Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia.
Romanos 9:15

            De fato, as pessoas que pensam dessa forma acertam em uma coisa: nenhum de nós é digno do perdão de Deus! E por isso mesmo Deus é tão maravilhoso. O versículo acima parece nos mostrar que Deus simplesmente perdoará aqueles a quem Ele quiser, conforme a vontade dEle, sem qualquer critério estabelecido. Isso não é bem verdade. Nesse caso o contexto para entendermos esse versículo é a Bíblia inteira.
Precisamos entender que realmente Deus só perdoa aqueles que Ele quiser, faz parte da livre vontade dEle, ele não é obrigado a fazer nada. Mas a Bíblia não nos diz apenas que Deus tem misericórdia de quem quiser, ela também nos diz quem são esses que Deus quer tratar com misericórdia, ou seja, a Bíblia também nos dá os critérios que Deus usa para escolher aqueles de quem Ele terá misericórdia. E esses critérios estão espalhados pela Bíblia inteira. Vamos a eles.
O primeiro critério para receber o perdão de Deus é confessarmos os nossos pecados.

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.
1 João 1:9

O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.
Provérbios 28:13

Mas não basta apenas confessarmos os nossos pecados, precisamos abandoná-los, nos afastarmos deles, deixar para trás esse caminho de transgressão.

Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.
Isaías 55:7

Outro critério igualmente importante para ter o perdão de Deus é confiar no perdão de Deus dado através do perfeito sacrifício de Jesus, que carregou consigo toda a nossa condenação.

A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação.
Porque a Escritura diz: Todo aquele que nele crer não será confundido.
Romanos 10:9-11

Por fim, existe uma condição imprescindível para alcançarmos a misericórdia de Deus, que é perdoarmos aqueles que nos ofenderam (Leia Perdoar não é uma escolha para o cristão.). Pois, se Deus sendo quem é está pronto para nos perdoar quem somos nós para negarmos o perdão aos nossos irmãos?

E, quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que vosso Pai, que está nos céus, vos perdoe as vossas ofensas.
Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está nos céus, vos não perdoará as vossas ofensas.
Marcos 11:25-26

Portanto, se você confessa diante de Deus os seus pecados se arrependendo de coração, abandona seus maus caminhos, confia na misericórdia de Deus e perdoa aos seus semelhantes então não há qualquer razão para duvidar do perdão de Deus. Ele certamente se compadecerá e terá misericórdia de ti.
Resumindo, Deus nos diz que apenas terá misericórdia daqueles que Ele quiser, mas Ele também nos diz de quem Ele quer ter misericórdia! Ele é fiel e justo para nos perdoar, não porque nós mereçamos, mas porque o amor dEle por nós é insondável e Sua graça é maravilhosa para nossas vidas.

Assim também vós considerai-vos certamente mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus nosso Senhor.
Romanos 6:11

sábado, 23 de agosto de 2014

Aspectos de uma oração poderosa.


A oração é sem dúvidas um dos principais pilares da vida cristã, e justamente por isso é um assunto que gera muitas dúvidas. Todos querem ser ouvidos e atendidos por Deus, mas poucos são os que buscam isso da maneira correta. Existem muitos mitos e paradigmas a respeito de como orar corretamente, de maneira poderosa, como muitos dizem. É muito difícil esgotar esse assunto em um único texto, livros e mais livros já foram escritos tendo como assunto a oração; mas tentarei aqui buscar na Palavra de Deus alguns valiosos ensinamentos sobre como tornar a nossa oração mais poderosa.

1)    A primeira coisa que deve estar completamente certa em nossa mente é que a oração mais poderosa que existe é aquela que busca a vontade de Deus. Nem mesmo milhões de palavras bonitas e bem articuladas serão mais poderosas do que um simples “seja feita a Tua vontade”. Deus não faz nada que seja contra a vontade d’Ele, sendo assim, de nada adianta impormos aquilo que queremos em nossas orações; antes, devemos basear as nossas vontades naquilo que agrada à Deus. Devemos pedir para que tudo o que queremos ou planejamos esteja de acordo com a vontade divina, e se não estiver, devemos pedir para que Deus mude o nosso querer. Nada é mais importante do que agradar ao Pai.

2)    A segunda coisa que deve pautar as nossas orações é a humildade. A Bíblia nos mostra que Deus não dá ouvidos aos soberbos, mas àqueles que se prostram com humildade em suas orações Deus ouvirá. Muitas pessoas oram usando expressões do tipo: “eu determino”, “eu declaro” ou “eu profetizo”, mas acaso nós somos mais poderosos do que os decretos divinos? Nós podemos por acaso mudar os desígnios de Deus com a nossa oração? Com certeza que não, a nossa oração deve buscar apenas confirmar aquilo que Deus já determinou, é através das nossas orações que Deus faz cumprir seus decretos e não a nossa oração que muda o decreto de Deus (mas isso é assunto para outra postagem). Devemos também lembrar-nos do ensino de Jesus a respeito da oração; o fariseu que orava de modo soberbo não foi justificado, mas o publicano que se humilhou agradou a Deus com sua oração.

O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!
Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.
Lucas 18:13-14

Outro maravilhoso exemplo de oração que agrada a Deus é o de Daniel. Esse texto em particular nos dá diversas dicas de uma oração sincera, devemos observar como Daniel se humilhou e exaltou a Deus em sua oração.

E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, e saco e cinza.
 E orei ao Senhor meu Deus, e confessei, e disse: Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos;
Pecamos, e cometemos iniquidades, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos;
Daniel 9:3-5

3)    Ore com sinceridade. O próprio exemplo da oração de Daniel acima nos leva a outro importante ponto a se observar. Nossas orações devem ser sinceras. Percebam como Daniel confessa os pecados a Deus, e é assim que deve ser. Deus não se agradará de nossa oração se continuarmos em nossos pecados e não nos dispusermos a abandoná-los. Ele não ouve os ímpios, mas aqueles que verdadeiramente se arrependem e buscam a misericórdia de Deus com certeza serão ouvidos.

Se eu acalentasse o pecado no coração,o Senhor não me ouviria
Salmos 66:18

O Senhor está longe dos ímpios, mas a oração dos justos escutará.
Provérbios 15:29

Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.
Salmos 51:17

4)    Ore com base teológica. Aqui está algo que poucos fazem, ou acham necessário, mas é importante que você introduza teologia em suas orações! Isso não significa que você precise usar termos rebuscados para falar ao Senhor, mas sim que você precisa ser um examinador das Escrituras e cuidar para que a sua oração não seja teologicamente falha e vá de encontro àquilo que Deus nos ensina através da Bíblia. Devemos pensar antes de falar até mesmo quando estivermos orando. A oração, ao contrário do que muitos pensam, não é esvaziar sua mente e deixar sair diversas palavras bonitas, mas sim entender muito bem tudo aquilo que se está dizendo, e dizer com consciência, refletindo sobre cada palavra, para que dessa maneira a sua oração seja sincera. É completamente incompatível a postura de alguém que deseja orar, mas que rejeita o ensino Bíblico.

O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável.
Provérbios 28:9

Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento.
1 Coríntios 14:15

5)    A oração de um ministro não é mais poderosa do que a sua. Muitas pessoas pensam que a oração de um pastor, presbítero ou qualquer oficial da igreja é mais poderosa do que a sua. Essa é uma crença que remonta ao sacerdócio. (Leia Por que não precisamos mais de sacerdotes?). Inclusive muitos líderes de igreja, em especial os “neo-apóstolos”, se aproveitam dessa crença de que suas orações seriam mais poderosas e abusam dos membros de suas igrejas. Alguns usam como justificativa para esse poder especial o texto de Tiago 5.14 que diz que se há algum doente deve-se chamar os presbíteros da igreja para orar sobre ele. Mas analisando o texto racionalmente podemos dizer que Tiago aconselha isso não porque as orações dos presbíteros seriam mais poderosas, mas sim porque faz parte do ofício dos presbíteros orar pelos doentes da igreja, assim como faz parte do ofício do diácono auxiliar os doentes em suas necessidades, não porque o diácono faça isso melhor do que outra pessoa, mas sim porque é uma de suas funções como diácono.
Portanto, independente da gravidade da situação não coloque sobre seu pastor ou qualquer outra pessoa o compromisso de oração por você enquanto você mesmo não ora, achando que sua oração não é nada comparada à oração dessa pessoa. Isso tem muito a ver com o próximo ponto.

6)    Tenha fé em sua oração. Há pessoas que oram apenas porque se sentem bem, mas não creem que aquilo que pediram possa acontecer. Essa não deve ser a nossa postura ao orar. A Bíblia nos ensina que devemos orar já crendo naquilo que estamos pedindo, pois certamente, se estiver de acordo com a vontade de Deus, nossos pedidos serão atendidos. Devemos confiar que quando oramos por algo Deus fará o que for melhor! Se você ora mas continua aflito, inquieto ou ansioso por causa do que você orou, então você não está confiando nas providências do nosso criador.

E, tudo o que pedirdes em oração, crendo, o recebereis.
Mateus 21:22

Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças.
Filipenses 4:6

Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;
Romanos 12:12

7)    Ore sem superstições. Muitos criticam o catolicismo romano por suas orações, que nada mais são do que uma repetição de palavras, como se o poder da oração estivesse naquelas palavras e não na sinceridade de seu coração e quanto mais se repetir aquelas palavras mais poderosa será sua oração. Evidente que isso não passa de superstição e é claramente condenável à luz das Escrituras. Mas antes de criticarmos a farpa no olho dos outros devemos enxergar a trave em nossos olhos. Há igrejas no meio evangélico que introduzem em suas orações o que chamam de clamor pelo sangue de Cristo, e se não for feito esse clamor antes de cada oração é como se sua oração não fosse válida, ou corresse um sério risco de não ser atendida, isso chega ao ponto de que se alguém começar uma oração e não fizer o clamor pelo sangue, outro irmão o interrompe e o faz. Isso por acaso não é superstição? É claro que é.
Até mesmo cristãos reformados, de igrejas tradicionais possuem uma mentalidade supersticiosa na hora de orar; não são poucos os que empregam a comum frase “Em nome de Jesus” ao final de suas orações como se fosse uma fórmula mágica, uma partícula condicional para a aceitação da oração por Deus, muitos acham um desrespeito quando não se emprega o “Em nome de Jesus” ao final de uma oração. Isso também é superstição. O que devemos ter em mente é que quando falamos “Em nome de Jesus” isso é mais importante para nós do que para Deus, pois nos faz lembrar que é pelo sacrifício de Jesus que nós temos livre acesso ao Pai. Portanto, não tenhamos superstições ao orar; saibamos que não existem palavras mágicas para lidar com Deus. Ele não examina nossas palavras, mas o que está em nosso coração.

E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.
Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
Mateus 6:7-8

É certo que nós não sabemos orar como convém, mas isso não significa que não devamos orar. Pelo contrário, certamente essa é a nossa maior arma contra o mundo e nunca é tarde para aperfeiçoarmos nossa prática de oração.
Orai sem cessar.

                                                                          1 Tessalonicenses 5:17

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Perdoar não é uma escolha para o cristão.


É muito comum ouvirmos alguém dizendo que há certas coisas que ela não perdoa. Parece até que cada um tem sua própria lista de coisas imperdoáveis. Outros, mesmo que não tenham essa postura tão inflexível, tem grande dificuldade em perdoar os erros alheios. Há até aqueles que dizem “eu até podia perdoar, mas não estou com vontade”. A verdade é que muito dificilmente você terá uma espontânea vontade em perdoar alguém, mas você não precisa estar com vontade para perdoar, você deve perdoar independente da sua vontade. Imagine se Deus nos dissesse que não está com vontade de nos perdoar, o que seria de nós?
Portanto, se Deus, sendo o autor e consumador de todas as coisas está disposto a perdoar os nossos pecados, quem somos nós para negar o nosso perdão ao nosso semelhante? Acaso somos melhores do que Deus? Não! Justamente por sermos falhos e egoístas no momento de perdoar é que não podemos nunca nos achar melhores do que Deus, que é fiel e justo em perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda a injustiça mediante a nossa confissão (1 João 1.9).


Jesus nos ensina que para sermos perdoados pelo nosso Pai celestial nós também devemos perdoar uns aos outros:

Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós;Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas.
Mateus 6:14-15

Como podemos nós suplicar pela misericórdia de Deus se não temos dessa mesma misericórdia com nossos irmãos? Não que o perdão de Deus dependa de nós, mas o ato de perdoar aos outros deve ser encarado como uma gratidão pelo perdão de Deus. É exatamente sobre isso que fala a parábola do devedor dos dez mil talentos (Mateus 18: 23-35). Se Deus nos perdoou uma dívida tão grande que tínhamos com ele, qual a nossa desculpa para não perdoarmos a dívida do nosso irmão que nem se compara àquela que nos foi perdoada?

Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.
Efésios 4:32

Suportando-vos uns aos outros, e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também.
Colossenses 3:13

Lembremo-nos que perdoar não é concordar com o erro, nem esquecê-lo. Perdoar é fazer com que aquilo que seu irmão fez contra ti não te traga mais mágoas, de modo que você possa se lembrar daquilo sem se irar contra ele. Não importa quantas vezes ele já errou, assim como o perdão de Deus não se esgota sobre nós o nosso perdão também não deve se esgotar.

Olhai por vós mesmos. E, se teu irmão pecar contra ti, repreende-o e, se ele se arrepender, perdoa-lhe.E, se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; perdoa-lhe.
Lucas 17:3-4

De nada adianta oferecermos sacrifícios de louvor ao nosso Deus se em nossos corações cultivamos a mágoa ao nosso irmão.

Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.
Mateus 5:23-24

Portanto, volto a afirmar, perdoar não é uma escolha para os cristãos, mas sim uma ordenança bíblica, independente de sua vontade ou disposição em perdoar.


Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.

Lucas 6:36


sábado, 9 de agosto de 2014

Ainda temos levitas em nosso meio?

Atualmente no meio evangélico tem se tornado muito comum igrejas aceitarem que seus músicos se denominem levitas; até músicos muitos famosos tem tomado para si esse título. Mas de onde vem isso? É certo o uso desse título nos dias de hoje? Vejamos.
O nome levita é usado na Bíblia para designar aqueles que pertenciam à tribo de Levi e eram, portanto, descendentes de Levi, um dos doze filhos de Jacó. Deus os escolheu e os separou das outras tribos de Israel para que eles o servissem nas mais variadas funções. Os levitas tinham, entre muitas atribuições, o dever de manter tudo em ordem no tabernáculo e posteriormente no templo; eram eles que carregavam, desmontavam e montavam todas as partes do tabernáculo quando o povo estava se movendo pelo deserto, eles eram os porteiros e guardas do templo, se ocupavam com a preparação do alimento e também eram eles (especificamente os que descendiam de Arão) que exerciam o sacerdócio.
A tribo dos levitas deveria montar seu acampamento separado das outras tribos e sua ocupação deveria ser exclusivamente prestar contínuo serviço a Deus. Eles se alimentavam daquilo que era ofertado no templo e dos dízimos do povo de Israel. Nenhuma pessoa de outra tribo poderia tomar parte nos serviços do templo, pois eram atribuições exclusivas dos levitas. (Ver o livro de Números, capítulos 3 e 4 inteiros).

E separarás os levitas do meio dos filhos de Israel, para que os levitas sejam meus.E depois os levitas entrarão para fazerem o serviço da tenda da congregação; e tu os purificarás, e por oferta movida os oferecerás. 
Porquanto eles, dentre os filhos de Israel, me são dados; em lugar de todo aquele que abre a madre, do primogênito de cada um dos filhos de Israel, para mim os tenho tomado.
Números 8:14-16

Durante o reinado de Davi, os levitas passaram a ser responsáveis também pela música e cantos de louvores. Mais recentemente, muitos músicos do meio evangélico tem resgatado esse título, dizendo serem separados por Deus para a ministração do louvor. Acontece que o que tem levado essas pessoas a adotar o nome levita são a vaidade e a glória que o mundo proporciona; biblicamente falando não faz o menor sentido chamar aqueles que se ocupam do louvor de levitas, e há muitos argumentos para isso.
Aqueles que se dizem levitas não estão dispostos a viver separados das outras pessoas, se alimentando apenas daquilo que é ofertado ao templo. Ninguém chama o outro de levita porque ele está limpando a igreja, recepcionando os outros na porta da igreja, recolhendo e contando os dízimos e ofertas, pregando a Palavra ou fazendo qualquer outra atividade no culto. Apenas músicos são chamados levitas, porque essa é uma função de prestígio em nossa sociedade, e o título de levita infla ainda mais o ego desses homens, que não buscam a Glória de Deus, mas sim os aplausos dos homens e a glória de si mesmos. Mas a Bíblia nos ensina que todos os serviços do templo eram feitos pelos levitas, portanto também deveriam ser chamados levitas os pastores, presbíteros, diáconos, professores, obreiros, missionários... Todos os que estão a serviço de Deus.
No Novo Testamento, não há qualquer indicação da existência de um ministério levita, não há sequer indício de que havia algum grupo específico que deveria ser responsável pelo louvor; ao contrário, todos nós somos chamados a louvar a Deus. É muito importante que o crente entenda que não é o grupo de louvor da igreja que faz o louvor enquanto nós assistimos à apresentação deles, mas sim nós que participamos com eles louvando ao Senhor, nós fazemos o louvor. Nesse sentido todos nós seríamos levitas, portanto o uso desse nome como um título apenas ao grupo de louvor serve apenas para causar confusão aos crentes, como se o louvor desses ditos levitas fosse mais bem aceito por Deus.
Apesar do uso dessa palavra nos dias de hoje, a função mais importante dos levitas sequer era o louvor, mas sim o sacerdócio e uma vez que não existe mais esse sacerdócio exclusivo dos levitas (Leia Por que não precisamos mais de sacerdotes?) não faz mais sentido chamá-los assim. Todos nós somos sacerdotes, mesmo que não descendamos de Levi. A maior evidência de que não importa mais ser levita para servir ao Senhor é que Jesus Cristo, mesmo sendo o nosso grande Sumo Sacerdote, não era descendente de Levi, mas sim de Judá (Mateus 1.2). Dizer que há levitas em nosso tempo é como trazer de volta os mediadores que haviam entre Deus e os homens e que nós só podemos ter acesso a Deus através desses levitas, o que é totalmente incompatível com a Nova Aliança de Deus com seu povo.
Em suma meus irmãos, todos nós somos chamados a ser adoradores e servir a Deus de alguma forma, não existe mais a exclusividade da tribo de Levi. Portanto, penso que a menos que você tenha uma autêntica árvore genealógica que te aponte como descendente de Levi é melhor evitar o termo “levita” em nossos dias.

Louvai ao SENHOR todas as nações, louvai-o todos os povos.
Porque a sua benignidade é grande para conosco, e a verdade do Senhor dura para sempre. Louvai ao Senhor.
Salmos 117

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Deus é mesmo justo?


Muitos são os que afirmam que Deus é injusto e o argumento usado é de que se Deus fosse justo não salvaria apenas alguns. Na mente dessas pessoas, ser justo é dar a mesma coisa para todos, mas isso é mesmo justiça? Segundo o dicionário Aurélio, justiça significa virtude moral pela qual se atribui a cada indivíduo o que lhe compete; em outras palavras, é dar aquilo que cada um merece. Mas o que nós de fato merecemos? Vejamos o que a Bíblia tem a nos ensinar sobre isso.

Acaso falais vós, deveras, ó congregação, a justiça? Julgais retamente, ó filhos dos homens? Antes no coração forjais iniquidades; sobre a terra pesais a violência das vossas mãos. Alienam-se os ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, falando mentiras.
Salmos 58:1-3

Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.
Mas, porque vos digo a verdade, não me credes.

João 8:44-45

Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.
Romanos 5:12

Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem.
O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus.
Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.

Salmos 14:1-3

Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.
Salmos 51:5

A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más.
Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.

João 3:19-20

Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma, pois já dantes demonstramos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado; Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.
Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus.
Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis.Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura.
 
Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos.
Romanos 3:9-18

Todos os textos acima nos afirmam que o homem é naturalmente mal, isso é o que a fé reformada chama de Depravação Total, a Bíblia afirma que todos nós pecamos, e ela nos diz ainda que a recompensa pelos nossos pecados é a morte eterna (Romanos 6.23), ou seja, todos nós deveríamos ser condenados ao inferno, não há sequer um homem sobre a terra que mereça sua salvação.
Nesse ponto, podemos concluir que Deus é totalmente justo com todos os homens, pois nos dá exatamente aquilo que merecemos, a condenação eterna.
Entretanto, para alguns homens que Deus escolheu desde a eternidade ele não é justo segundo a nossa definição, pois a esses Ele não dá o que merecem, mas dá muito mais! Deus não é justo com seus eleitos, Ele é mais que isso, a sua misericórdia e a sua bondade extravasam sua justiça, assim Deus dá a quem Ele quer a graça da salvação. Deus não precisa dar a salvação a todos para ser justo, pois a salvação é a concessão da graça de Deus, ela não é merecida, Deus tem misericórdia de quem ele quer, isso não depende de nós, mas do coração de Deus.

Que diremos pois? Que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. 
Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia.
Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus,
que se compadece.
Romanos 9:14-16

Concluí-se então que Deus é totalmente justo com todos os homens, inclusive aqueles que são condenados à morte eterna, no entanto, com aqueles que Ele predestinou para a salvação, Deus é mais do que justo por causa de sua misericórdia. Muitos oram perguntando “Senhor, por que permitistes que tantas pessoas sejam condenadas à morte?”, quando a melhor oração a se fazer seria: “Senhor, por que escolheste a mim, mesmo eu estando morto em meus próprios pecados e fazendo o que é mau aos teus olhos? O que fiz eu para alcançar a Tua graça sobre mim? Certamente eu nada poderia fazer para merecer isso meu Senhor, sei que é apenas pela Tua  graça e misericórdia que recebo a vida eterna!”.

E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados,
Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência;
Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também.
Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou,
Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos),
E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus;
Para mostrar nos séculos vindouros as abundantes riquezas da sua graça pela sua benignidade para conosco em Cristo Jesus.

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Efésios 2:1-8