sábado, 23 de agosto de 2014

Aspectos de uma oração poderosa.


A oração é sem dúvidas um dos principais pilares da vida cristã, e justamente por isso é um assunto que gera muitas dúvidas. Todos querem ser ouvidos e atendidos por Deus, mas poucos são os que buscam isso da maneira correta. Existem muitos mitos e paradigmas a respeito de como orar corretamente, de maneira poderosa, como muitos dizem. É muito difícil esgotar esse assunto em um único texto, livros e mais livros já foram escritos tendo como assunto a oração; mas tentarei aqui buscar na Palavra de Deus alguns valiosos ensinamentos sobre como tornar a nossa oração mais poderosa.

1)    A primeira coisa que deve estar completamente certa em nossa mente é que a oração mais poderosa que existe é aquela que busca a vontade de Deus. Nem mesmo milhões de palavras bonitas e bem articuladas serão mais poderosas do que um simples “seja feita a Tua vontade”. Deus não faz nada que seja contra a vontade d’Ele, sendo assim, de nada adianta impormos aquilo que queremos em nossas orações; antes, devemos basear as nossas vontades naquilo que agrada à Deus. Devemos pedir para que tudo o que queremos ou planejamos esteja de acordo com a vontade divina, e se não estiver, devemos pedir para que Deus mude o nosso querer. Nada é mais importante do que agradar ao Pai.

2)    A segunda coisa que deve pautar as nossas orações é a humildade. A Bíblia nos mostra que Deus não dá ouvidos aos soberbos, mas àqueles que se prostram com humildade em suas orações Deus ouvirá. Muitas pessoas oram usando expressões do tipo: “eu determino”, “eu declaro” ou “eu profetizo”, mas acaso nós somos mais poderosos do que os decretos divinos? Nós podemos por acaso mudar os desígnios de Deus com a nossa oração? Com certeza que não, a nossa oração deve buscar apenas confirmar aquilo que Deus já determinou, é através das nossas orações que Deus faz cumprir seus decretos e não a nossa oração que muda o decreto de Deus (mas isso é assunto para outra postagem). Devemos também lembrar-nos do ensino de Jesus a respeito da oração; o fariseu que orava de modo soberbo não foi justificado, mas o publicano que se humilhou agradou a Deus com sua oração.

O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!
Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.
Lucas 18:13-14

Outro maravilhoso exemplo de oração que agrada a Deus é o de Daniel. Esse texto em particular nos dá diversas dicas de uma oração sincera, devemos observar como Daniel se humilhou e exaltou a Deus em sua oração.

E eu dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, e saco e cinza.
 E orei ao Senhor meu Deus, e confessei, e disse: Ah! Senhor! Deus grande e tremendo, que guardas a aliança e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos;
Pecamos, e cometemos iniquidades, e procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus mandamentos e dos teus juízos;
Daniel 9:3-5

3)    Ore com sinceridade. O próprio exemplo da oração de Daniel acima nos leva a outro importante ponto a se observar. Nossas orações devem ser sinceras. Percebam como Daniel confessa os pecados a Deus, e é assim que deve ser. Deus não se agradará de nossa oração se continuarmos em nossos pecados e não nos dispusermos a abandoná-los. Ele não ouve os ímpios, mas aqueles que verdadeiramente se arrependem e buscam a misericórdia de Deus com certeza serão ouvidos.

Se eu acalentasse o pecado no coração,o Senhor não me ouviria
Salmos 66:18

O Senhor está longe dos ímpios, mas a oração dos justos escutará.
Provérbios 15:29

Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.
Salmos 51:17

4)    Ore com base teológica. Aqui está algo que poucos fazem, ou acham necessário, mas é importante que você introduza teologia em suas orações! Isso não significa que você precise usar termos rebuscados para falar ao Senhor, mas sim que você precisa ser um examinador das Escrituras e cuidar para que a sua oração não seja teologicamente falha e vá de encontro àquilo que Deus nos ensina através da Bíblia. Devemos pensar antes de falar até mesmo quando estivermos orando. A oração, ao contrário do que muitos pensam, não é esvaziar sua mente e deixar sair diversas palavras bonitas, mas sim entender muito bem tudo aquilo que se está dizendo, e dizer com consciência, refletindo sobre cada palavra, para que dessa maneira a sua oração seja sincera. É completamente incompatível a postura de alguém que deseja orar, mas que rejeita o ensino Bíblico.

O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável.
Provérbios 28:9

Que farei, pois? Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento; cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento.
1 Coríntios 14:15

5)    A oração de um ministro não é mais poderosa do que a sua. Muitas pessoas pensam que a oração de um pastor, presbítero ou qualquer oficial da igreja é mais poderosa do que a sua. Essa é uma crença que remonta ao sacerdócio. (Leia Por que não precisamos mais de sacerdotes?). Inclusive muitos líderes de igreja, em especial os “neo-apóstolos”, se aproveitam dessa crença de que suas orações seriam mais poderosas e abusam dos membros de suas igrejas. Alguns usam como justificativa para esse poder especial o texto de Tiago 5.14 que diz que se há algum doente deve-se chamar os presbíteros da igreja para orar sobre ele. Mas analisando o texto racionalmente podemos dizer que Tiago aconselha isso não porque as orações dos presbíteros seriam mais poderosas, mas sim porque faz parte do ofício dos presbíteros orar pelos doentes da igreja, assim como faz parte do ofício do diácono auxiliar os doentes em suas necessidades, não porque o diácono faça isso melhor do que outra pessoa, mas sim porque é uma de suas funções como diácono.
Portanto, independente da gravidade da situação não coloque sobre seu pastor ou qualquer outra pessoa o compromisso de oração por você enquanto você mesmo não ora, achando que sua oração não é nada comparada à oração dessa pessoa. Isso tem muito a ver com o próximo ponto.

6)    Tenha fé em sua oração. Há pessoas que oram apenas porque se sentem bem, mas não creem que aquilo que pediram possa acontecer. Essa não deve ser a nossa postura ao orar. A Bíblia nos ensina que devemos orar já crendo naquilo que estamos pedindo, pois certamente, se estiver de acordo com a vontade de Deus, nossos pedidos serão atendidos. Devemos confiar que quando oramos por algo Deus fará o que for melhor! Se você ora mas continua aflito, inquieto ou ansioso por causa do que você orou, então você não está confiando nas providências do nosso criador.

E, tudo o que pedirdes em oração, crendo, o recebereis.
Mateus 21:22

Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças.
Filipenses 4:6

Alegrai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, perseverai na oração;
Romanos 12:12

7)    Ore sem superstições. Muitos criticam o catolicismo romano por suas orações, que nada mais são do que uma repetição de palavras, como se o poder da oração estivesse naquelas palavras e não na sinceridade de seu coração e quanto mais se repetir aquelas palavras mais poderosa será sua oração. Evidente que isso não passa de superstição e é claramente condenável à luz das Escrituras. Mas antes de criticarmos a farpa no olho dos outros devemos enxergar a trave em nossos olhos. Há igrejas no meio evangélico que introduzem em suas orações o que chamam de clamor pelo sangue de Cristo, e se não for feito esse clamor antes de cada oração é como se sua oração não fosse válida, ou corresse um sério risco de não ser atendida, isso chega ao ponto de que se alguém começar uma oração e não fizer o clamor pelo sangue, outro irmão o interrompe e o faz. Isso por acaso não é superstição? É claro que é.
Até mesmo cristãos reformados, de igrejas tradicionais possuem uma mentalidade supersticiosa na hora de orar; não são poucos os que empregam a comum frase “Em nome de Jesus” ao final de suas orações como se fosse uma fórmula mágica, uma partícula condicional para a aceitação da oração por Deus, muitos acham um desrespeito quando não se emprega o “Em nome de Jesus” ao final de uma oração. Isso também é superstição. O que devemos ter em mente é que quando falamos “Em nome de Jesus” isso é mais importante para nós do que para Deus, pois nos faz lembrar que é pelo sacrifício de Jesus que nós temos livre acesso ao Pai. Portanto, não tenhamos superstições ao orar; saibamos que não existem palavras mágicas para lidar com Deus. Ele não examina nossas palavras, mas o que está em nosso coração.

E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.
Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
Mateus 6:7-8

É certo que nós não sabemos orar como convém, mas isso não significa que não devamos orar. Pelo contrário, certamente essa é a nossa maior arma contra o mundo e nunca é tarde para aperfeiçoarmos nossa prática de oração.
Orai sem cessar.

                                                                          1 Tessalonicenses 5:17

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