Ao longo de todo o Antigo
Testamento Deus escolheu aqueles que o deveriam servir como sacerdotes, esses
recebiam uma unção e eram separados especialmente para servir a Deus no
tabernáculo e posteriormente no seu Templo. As funções desses sacerdotes incluíam
coordenar o culto a Deus, cuidar dos sacrifícios para a expiação dos pecados do
povo, realizar os serviços do templo, como cuidar do incenso, do candelabro e
dos pães da proposição; mas a principal função do sacerdote era ser o mediador
entre o povo e Deus. Sempre que se queria consultar a Deus a respeito de
qualquer assunto era o sacerdote que realizava essa consulta.
No tabernáculo e também no
templo havia um Lugar Santo onde os sacerdotes realizavam seus trabalhos (onde
ficava o incenso, o candelabro e a mesa dos pães da proposição) e havia outro
ambiente separado do Lugar Santo por um véu, esse lugar era denominado Santo
dos Santos, ou Santíssimo Lugar, e ali se encontrava a arca da aliança, de onde
Deus falava com seu povo. Mas apenas o sumo sacerdote poderia adentrar ao
Santíssimo Lugar, mesmo assim com muita cautela e apenas após ter se
purificado, caso contrário seria consumido por Deus por causa de seus pecados,
uma vez que naquela época ainda não havia acontecido o perfeito sacrifício para
a remissão dos pecados dos homens.
Vemos, portanto, que o povo
não tinha contato com Deus, tudo era intermediado pelo sumo sacerdote, que era
o único com acesso ao Senhor. Acontece que assim que a morte de Jesus Cristo
foi consumada, os evangelhos nos relatam um fato curioso:
E Jesus, clamando outra vez
com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de
alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras.
Mateus 27:50-51
Mateus 27:50-51
Essa passagem é
especialmente carregada de significado e tem enorme importância, embora às
vezes possa passar despercebida. Assim que Jesus efetivamente morreu, o véu que
separava o Santo Lugar do Santo dos Santos se rasgou por completo, simbolizando
que a partir do sacrifício de Cristo todos nós temos acesso a Deus. Portanto
agora quem faz a mediação entre o povo e Deus é Cristo Jesus, ele é o nosso
sumo sacerdote! Assim dizem as Escrituras:
Visto que temos um grande
sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos
firmemente a nossa confissão.
Hebreus 4:14
Hebreus 4:14
Devemos perceber que Cristo deve
ser considerado nosso sumo sacerdote também por ter ministrado o perfeito sacrifício
para a remissão dos nossos pecados. É graças a esse sacrifício que todos nós,
mesmo sendo pecadores, podemos nos achegar ao Deus Altíssimo sem sermos
consumidos. Se continuarmos nos versículos seguintes do livro de Hebreus veremos
que o autor confirma o sacerdócio de Cristo e nos convida para irmos ao trono
da Graça:
Porque não temos um sumo
sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como
nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.Cheguemos, pois, com confiança ao trono da
graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos
ajudados em tempo oportuno.
Hebreus 4:15-16
Hebreus 4:15-16
Além disso, a Bíblia chama
todos nós de sacerdotes, para que possamos todos servir a Deus, uma vez que
Deus não habita em templos construídos pelas mãos dos homens (Atos 17.24), mas sim em nós (1 Coríntios 3.16):
Vós também, como pedras
vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer
sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.
1 Pedro 2:5
1 Pedro 2:5
E da parte de Jesus Cristo,
que é a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o Príncipe dos reis da
terra. Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados,e nos fez reino, sacerdotes para Deus, seu Pai,
a ele seja glória e domínio pelos séculos dos séculos. Amém.
Apocalipse 1:5-6
Apocalipse 1:5-6
Tendo em vista tudo o que
foi exposto podemos concluir que nos dias de hoje não faz qualquer sentido
haverem ainda sacerdotes ordenados sobre o povo, mas mesmo assim algumas
igrejas, como o Catolicismo Romano, ainda adotam essa prática; o que faz com
que em um país como o Brasil, com raízes católicas, até mesmo os crentes possuam
uma mentalidade de considerarem seus pastores como sacerdotes, e alguns até se
aproveitam disso. Também penso ser repreensível a atitude de alguns pastores
evangélicos que usam ornamentos ou roupas especiais para diferenciá-los do rebanho, como roupas que
lembram as usadas por padres católicos, ou o clergyman, que é um acessório
usado por muitos pastores e muito semelhante ao colarinho romano, adotado pelo
catolicismo.
Esses homens, apesar das roupas, são pastores evangélicos. |
Essas vestimentas confundem
ainda mais os crentes, que passam a ver seu pastor como um sacerdote. Eu reafirmo,
nenhum pastor possui o sacerdócio sobre seu rebanho, antes, todos nós somos
chamados ao sacerdócio. Você é tão sacerdote quanto seu pastor.
É importante frisar que eu
não estou aqui colocando em cheque o exercício pastoral, pois a função de
pastor é perfeitamente bíblica, nem estou contestando a liderança ou
conclamando uma rebelião contra os pastores, eles têm sim autoridade sobre seu
rebanho e devemos ter respeito pelo exercício de seus ministérios, são homens a
serviço de nosso Deus, seus ensinamentos e admoestações, enquanto estiverem de
acordo com as Escrituras, devem ser plenamente obedecidos. Devemos apenas ter
cuidado com aqueles que extrapolam seu verdadeiro papel e se colocam como
intermediadores entre Deus e os homens, ou cobram sacrifícios pelos nossos
pecados, uma vez que nada pode substituir o sangue que por nós verteu na cruz
do Calvário.
Graça e Paz
Nenhum comentário:
Postar um comentário