sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Por que não precisamos mais de sacerdotes?


Ao longo de todo o Antigo Testamento Deus escolheu aqueles que o deveriam servir como sacerdotes, esses recebiam uma unção e eram separados especialmente para servir a Deus no tabernáculo e posteriormente no seu Templo. As funções desses sacerdotes incluíam coordenar o culto a Deus, cuidar dos sacrifícios para a expiação dos pecados do povo, realizar os serviços do templo, como cuidar do incenso, do candelabro e dos pães da proposição; mas a principal função do sacerdote era ser o mediador entre o povo e Deus. Sempre que se queria consultar a Deus a respeito de qualquer assunto era o sacerdote que realizava essa consulta.
No tabernáculo e também no templo havia um Lugar Santo onde os sacerdotes realizavam seus trabalhos (onde ficava o incenso, o candelabro e a mesa dos pães da proposição) e havia outro ambiente separado do Lugar Santo por um véu, esse lugar era denominado Santo dos Santos, ou Santíssimo Lugar, e ali se encontrava a arca da aliança, de onde Deus falava com seu povo. Mas apenas o sumo sacerdote poderia adentrar ao Santíssimo Lugar, mesmo assim com muita cautela e apenas após ter se purificado, caso contrário seria consumido por Deus por causa de seus pecados, uma vez que naquela época ainda não havia acontecido o perfeito sacrifício para a remissão dos pecados dos homens.

Vemos, portanto, que o povo não tinha contato com Deus, tudo era intermediado pelo sumo sacerdote, que era o único com acesso ao Senhor. Acontece que assim que a morte de Jesus Cristo foi consumada, os evangelhos nos relatam um fato curioso:

E Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito. E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras.
Mateus 27:50-51

Essa passagem é especialmente carregada de significado e tem enorme importância, embora às vezes possa passar despercebida. Assim que Jesus efetivamente morreu, o véu que separava o Santo Lugar do Santo dos Santos se rasgou por completo, simbolizando que a partir do sacrifício de Cristo todos nós temos acesso a Deus. Portanto agora quem faz a mediação entre o povo e Deus é Cristo Jesus, ele é o nosso sumo sacerdote! Assim dizem as Escrituras:

Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão.
Hebreus 4:14

Devemos perceber que Cristo deve ser considerado nosso sumo sacerdote também por ter ministrado o perfeito sacrifício para a remissão dos nossos pecados. É graças a esse sacrifício que todos nós, mesmo sendo pecadores, podemos nos achegar ao Deus Altíssimo sem sermos consumidos. Se continuarmos nos versículos seguintes do livro de Hebreus veremos que o autor confirma o sacerdócio de Cristo e nos convida para irmos ao trono da Graça:

Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado.Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno.
Hebreus 4:15-16

Além disso, a Bíblia chama todos nós de sacerdotes, para que possamos todos servir a Deus, uma vez que Deus não habita em templos construídos pelas mãos dos homens (Atos 17.24), mas sim em nós (1 Coríntios 3.16):

Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.
1 Pedro 2:5

E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o Príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama, e pelo seu sangue nos libertou dos nossos pecados,e nos fez reino, sacerdotes para Deus, seu Pai, a ele seja glória e domínio pelos séculos dos séculos. Amém.
Apocalipse 1:5-6

Tendo em vista tudo o que foi exposto podemos concluir que nos dias de hoje não faz qualquer sentido haverem ainda sacerdotes ordenados sobre o povo, mas mesmo assim algumas igrejas, como o Catolicismo Romano, ainda adotam essa prática; o que faz com que em um país como o Brasil, com raízes católicas, até mesmo os crentes possuam uma mentalidade de considerarem seus pastores como sacerdotes, e alguns até se aproveitam disso. Também penso ser repreensível a atitude de alguns pastores evangélicos que usam ornamentos ou roupas especiais para diferenciá-los do rebanho, como roupas que lembram as usadas por padres católicos, ou o clergyman, que é um acessório usado por muitos pastores e muito semelhante ao colarinho romano, adotado pelo catolicismo.

Esses homens, apesar das roupas, são pastores evangélicos.
Essas vestimentas confundem ainda mais os crentes, que passam a ver seu pastor como um sacerdote. Eu reafirmo, nenhum pastor possui o sacerdócio sobre seu rebanho, antes, todos nós somos chamados ao sacerdócio. Você é tão sacerdote quanto seu pastor.
É importante frisar que eu não estou aqui colocando em cheque o exercício pastoral, pois a função de pastor é perfeitamente bíblica, nem estou contestando a liderança ou conclamando uma rebelião contra os pastores, eles têm sim autoridade sobre seu rebanho e devemos ter respeito pelo exercício de seus ministérios, são homens a serviço de nosso Deus, seus ensinamentos e admoestações, enquanto estiverem de acordo com as Escrituras, devem ser plenamente obedecidos. Devemos apenas ter cuidado com aqueles que extrapolam seu verdadeiro papel e se colocam como intermediadores entre Deus e os homens, ou cobram sacrifícios pelos nossos pecados, uma vez que nada pode substituir o sangue que por nós verteu na cruz do Calvário.
Graça e Paz

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